terça-feira, 23 de março de 2010

Passarinhos e Bira

Desde que me entendo por gente eu lembro de Bira e seus passarinhos. Quando criança acompanhei tanto ele limpando as gaiolas e colocando alpiste que lembro até do cheiro dos bichos. Também conheci um pouco de peixes com ele, dourado, pirambeba, piranha... numa época que tinha muito peixe pra pescar. Ele é nosso vizinho desde sempre, gente de bem. Quando estava terminando a escola técnica acabei estagiando com ele na usina hidroelétrica PA IV. No trabalho ele era querido, simples, um mecânico prático. Depois de se aposentar seu único passa-tempo eram cuidar de seus passarinhos, e depois que sua filha mais velha morreu ele ficou mais dependente daquilo. Fazendo gaiola, cosertando as antigas. Da última vez que estive lá, ele fez questão de me mostrar a caixa de ferramentas dele e sua invenções, feitas sobre medida para cuidar dos bichos. Só que agora o IBAMA apreedeu seus passarinhos, todos eles, levaram sua gaiolas, tudo, não ficou nenhum. Uma nova vizinha de frente, trabalha no IBAMA e resolveu recolher tudo. É a lei e deve ser cumprida. Quando argumentada sobre aquele senhor que sentiria muita a falta dos bichos, que isso poderia fazer mal a ele, ela respondeu com arrogância: "Na época da escravidão também pensaram isso dos negros!". Não consegui entender a comparação. Só na cabeça dela mesmo. Para ela os bichos são mais importantes, ela não sabe quem é Bira, nem se interessa em saber.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Aula Goshin-Jutsu

Semana passada tivemos no nosso dojo da ASAIK, a visíta do Sensei Sandes 7º Dan de Karate Shorin-Ryu e também praticante de Judo (Não sei sua graduação nesse). A convite de sensei Valdenberg ele nos deu uma aula de defesa pessoal baseado no Goshin-Jutsu, uma espécie de combate sem armas derivado do Ju-Jutsu. Inclusive existe um Kata no Judo chamado Kodokan Goshin Jutsu criado em 1956, que incopora várias técnicas de Aikido devido a influência do Mestre Kenji Tomiki - 8º Dan de Aikido Aikikai, aluno do fundador que posteriormente saiu da Aikikai e fundou seu próprio estilo, o Shodokan Aikido (Tomiki Aikido). Voltando a aula, vimos chaves de braço e cotovelos (katame waza), quedas típicas do judo (nage waza), além de várias saídas para esses mesmas chaves. O que eu achei mais interessante é que o que foi mostrado não é muito diferente do Judo que treino, porém sempre tinha um algo a mais que certamente seria proibido em competições. Por exemplo, ele nos mostrou uma saída fácil caso houvesse um boqueio a aplicação de um seoi nage e você ficasse de costas para o uke. Vimos algumas defesas de facas parecidas com a que vemos no Aikido, bastante fortes, mas confesso que ficam parecendo grosseiras quando comparadas com as de Aikido. Eu gostei bastante da aula, no final ficou claro que o Goshin-Jutsu tem sim eficácia para a defesa pessoal, podendo até ser bastante traumático. Mas não é algo que se treina por  aqui  em Aracaju, ficando restrito a alguns poucos professores de Judo da velha guarda, não preocupados com resultados em competições, mas sim com a preservação da arte no seu estado original.

quinta-feira, 11 de março de 2010

As graduações no Aikido e Judo

No japão, país da paciência, um aluno não precisa tortura-se na conquista dos graus. Não existe valor "parcial" a não ser após a faixa preta. Na França, país da corrida contra o relógio, revelou-se importante dividir o período que precede a conquista da faixa preta, para muitos o equivalente a uma grande vitória. Quando, na prática, é a partir do primeiro grau da faixa preta que começa realmente o verdadeiro aprendizado, o início da compreenção das reais bases do Aikido e do Judo. Na França, a forma de divisão (nos graus preliminares) que deu bons resultados no Judo, foi escolhida para o Aikido. Chamamos esses graus preliminares de "pequenos sucessos" de encorajamento indispensáveis ao temperamento ocidental. A partir da faixa preta, chamamos de Dan no Japão, há valores que recebem denominações indicativas do nível conquistado pelo discípulo. 

Há cinco estágios de faixa preta.

1º Estágio - 1º Dan - Shodan (quer dizer "primeiro grau") é conhecido por SHO-MOKUROKU que significa "Aquele que conhece a técnica (reconhecido como tal)" e é concedido pelo Mestre quando julga o discípulo competente tecnicamente;
2º Estágio - 2º Dan - Nidan e 3º Dan - Sandan, são conhecidos por JO-MOKUROKU significando "(assistente) estudo sério superior" e é concedido pelo Mestre quando julga o discípulo capaz de obter este nível (No Aikido o 2º e 3º Dan podem receber do Mestre o título de Fukushidoin (Assistente do professor/Instrutor) de uma escola);
3º Estágio - 4º Dan - Yodan e 5º Dan - Godan, recebem a denominação de HON-MOKUROKU ou seja "aquele que está segurando o verdadeiro conhecimento (principal/cabeça). (No Aikido, a partir desse estágio pode-se concorrer ao título de Shidoin (professor) de uma escola) A partir desse momento o discípulo solicita a graduação ao Mestre, quando este julga o trabalho mental do discípulo face ao seu orgulho (ego) e capacidade de auto-jugamento. O Mestre jamais oferece qualquer explicação ao discípulo que aguardará com paciência (às vezes por um longo tempo) a investidura do
4º Estágio - 6º Dan - Rokudan e 7º Dan - Nanadan, significa MEKYO (utilizado nas antigas artes do Jujutsu e Aikijutsu), que quer dizer "que obteve a maestria" (No Aikido concorre ao título de SHIHAN (Mestre modelo) outorgado para uma escola pelo HOMBU DOJO);
a partir desta graduação,
5º Estágio - o discípulo pode conceder graus no lugar do seu Mestre; torna-se KAIDEN (iniciador), ou seja, quando mestre já lhe "concedeu tudo" e quando ele e o discípulo formam um.

O importante não é obter graus ou vitórias, mas sim continuar a trabalhar e a atingir os níveis de maneira a abrir novas portas, cada vez mais numerosas, de técnica pura até que surja a "própria trilha" ou "seu caminho" levando para além da conquista material. com o trabalho contínuo surge o dia em que atrevessamos o limite sem nos percebermos.
Contudo, é necessário esquecer o tempo e os graus. Sobretudo "amansar" o ego, geralmente inflado entre boa parte dos faixa preta.

(Traduzido e adaptado por Leo Reisler Sensei de um texto de Tadashi Abe Sensei. Alguns comentários em parênteses foram acrescentados por mim)

terça-feira, 9 de março de 2010

Preciosa

Fui assistir o filme "Preciosa" a duas semanas atrás. O filme é bem feito, não foi atoa que a atriz Mo´Nique, que faz o papel da mãe da protagonista, tenha ganho o oscar de melhor atriz coadjuvante. Agora, concorrer a melhor filme foi meio forçado. Assistir Preciosa é uma garantia de que você sairá muito pior do que estava quando entrou no cimena. Tudo bem que nem todo filme precisa ser divertido, mas a história desse não é muito diferente do que nos vemos nos jornais diários daqui. E isso mesmo, pegue qualquer tragédia social local (pode ser do CINFORM mesmo), coloque 10 milhões (valor considerado muito baixo na industria do cinema) e "voilá"!! Temos Preciosa!! Os cinéfilos de plantão que adoraram que me perdoem, mas não gostei do filme. Não estou desmerecendo a tristeza alheia, ou mesmo sendo insensível ao tipo de problema que a película mostra. Infelizmente tragédias do género são tão corriqueiras nos nossos jornais que não me parece legal ir para o cimena ver essas mesmas coisas.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Poema a bunda


Uma bunda é uma bunda, é uma bunda.
Quem nela seu olhar não fixa,
Sua alma entristecida de rancor
Tristeza e melancolia abunda.

A bunda
Quando ela passa todo mundo espia
Não para cara embora ideal e formosa
Mas para a bunda, que bunda maravilhosa
Que bunda, nunca vi tanta magia

Requebra, rebola, rodopia
Numa expressão maravilhosa,
Deve ser uma bunda cor de rosa
Da cor do sol quando desponta o dia.

E ela que sabe que essa bunda é boa
Vai pela rua rebolando à toa
Deixando a multidão maravilhoda

E eu, que a contemplo nesse silêncio mudo
Vou vendo aquilo que não vale nada
E ela com a arte fazendo valer tudo.

Retirado do Blog do Macário