quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Algumas mudanças


Mudei, após quase dez anos em Aracaju, saí definitivamente da cidade. Nova vida, novos ares e muitas lembranças.
Tá bem, algumas coisas são as mesmas, mas não me interessam agora. O importante é o que o passo foi dado e não tem mais volta. “... eu vou pra não voltar!” ou quem sabe um dia.
Nos últimos dez anos aconteceu um tanto de coisas, tive a sorte de viver muitas coisas boas e ruins também. E sim, fiz as contas, no final o saldo foi muito bom.
Trabalhei um bocado, fiz coisas legais, outras nem tanto. Mas aprendi um monte, ensinei um pouco, acertei, errei. Você sabe, coisas de trabalho.
Fiz poucos, mas bons amigos, uns que ficarão por muito tempo, outros foram embora antes de mim. Vi amigos partirem pra lugares distantes e estive lá quando outros voltaram pra uma visita. Foi ótimo. Também vi uns deles irem pra outra vida, o que é duro, difícil e triste.
Também vi um amor nascer, crescer e morrer. Sou grato por isso. Foram dias bons com muita intensidade. Outros de desilusão, igualmente intensos. E a severa verdade que tudo tem fim, e que não adianta lutar, tem coisas que não voltam e que se tem que aprender a perder. Nisso ainda tô me acostumando.
Fiz um monte de besteiras nesse tempo, mas também pedi desculpas sinceras. Algumas foram aceitas, outras nem tanto.
A vida te prega peças. Essa máxima é verdadeira. E o que acontece quando se menos espera, estranhamente parece se encaixar, deixando a nítida impressão que o caminho certo é aquele em que se escolhe de coração aberto.
Aracaju foi uma dessas escolhas, abri mão de amigos, de um amor, da vida que gostava quando vim pra cá há dez anos. Agora vou eu de novo, me desejem sorte!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Anúncio da hora do fim

O texto a seguir é do blog do Rafael Cortez. Ia só colocar só link, mas o yahoo tem a mania de apagar a bagaça, por isso reproduzo aqui.

Anúncio da hora do fim - por Rafael Cortez

Tem uma hora na vida de um homem em que ele precisa saber quando sair de cena.
Aliás, essa sabedoria do "quando parar" deveria ser inata a todos. Homens e mulheres, cada qual sabendo bem quando é a hora certa de tirar o time de campo. Se esse bom-senso fosse geral, a humanidade se veria livre de mais um disco do Restart, Michael Jackson não teria se sobrecarregado e morrido por um novo show, Serra não sairia mais candidato a nada e o Felipe Andreoli ia parar de jogar bolinhas em um balde.
Mas não. A gente observa o contrário. Tem gente que insiste no mesmo erro e não aprende. Que força uma barra danada a troco de coisa alguma, ou de muito pouco. E eu não quero ser mais um desses que dá cabeçada e não muda.
Antes que muitos dos leitores que me odeiam possam comemorar, não. Não vou abandonar minha carreira, sair do CQC, sair da TV, voltar pro teatro infantil ou pra lata de lixo onde alguns acham que nasci. Também não vou largar esse blog ou pedir as contas no Yahoo!. Mais simples que isso: eu vou parar, definitivamente, de ir a baladas.
Ontem, pela última vez, fui a duas casas noturnas. Duas na mesma noite. E me dei conta que meu tempo passou. Aconteceu, fiquei velho para festas bombásticas. Às vésperas de completar 36 anos, caiu a ficha que não consigo mais compactuar da histeria, bebedeira, loucura e hipocrisia que existe na noite e em seus personagens.
Eu já sabia, mas demorei pra entender de verdade: na balada ninguém é seu amigo realmente. E a premissa da eterna felicidade da noite com seus aditivos e barulheira é uma contradição com o que a vida pede da gente no dia seguinte, com seus compromissos e duras responsabilidades.
Antes que mais de 300 pessoas comecem a me agredir aqui dizendo que eu sou um tremendo mala, que não sei me divertir, que não posso julgar quem gosta de festas, etc, deixa eu escrever uma coisa: é tudo bem mais simples. Eu adorava toda essa bagunça das madrugadas. Mas tô ficando velho mesmo. Não consigo mais.
O erro não está nos lugares e nas pessoas que querem que eu dance e grite, está em mim. Envelheci. Aliás, nem dá pra chamar isso de erro. Envelhecer é uma dádiva, ainda que assuste um pouco.
À medida que o tempo passa, a gente somatiza rabugices e manias. Comigo isso fica claro nas baladas. O som muito alto me incomoda. Ter que socializar o tempo todo também. Lutar como um gladiador por um copo de vodca com energético mais ainda.
A gente passa a se preservar mais também. A iminência de sempre ter que "se dar bem" fica em segundo plano. A cobrança por emanar felicidade a todo momento cai. Você não aceita mais que espanquem sua conta bancária na saída. Uma hora você decide não ser mais do agito e se sente melhor. Você se aceita como é, com suas contradições e realidade.
Eu agora quero mais bares e jantares a dois. Mais filme em casa e uma ou outra festa temática por semestre, como um casamento de amigos, um lançamento de produto, um encerramento de evento. Vez ou outra, e olhe lá, alguém vai dizer que me viu numa balada — mas vai ser uma coisa pontual, como as festas do Iquinho, amigo do Cami Colombo, que são bem boas e raramente rolam em casas noturnas.
Enfim, foi bem legal enquanto durou. Acho que ainda levarei comigo, por muito tempo, um pouco dos milhares de litros de álcool que consumi nas noites, bem como parte da memória de bocas que beijei, entre mulheres lindas e outras que nem deveriam ter nascido. Espero que meu corpo não recorde muito dos cigarros que fumei e nem das vezes que abracei mais o vaso sanitário do que uma gata que tenha me dado mole.
Foi bom enquanto durou. Mas agora, acabou. A propósito: alguém sabe onde tem um bom lugar para jogar gamão?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tranquilo, tranquilo.

Quero ter a vitalidade que tenho hoje por muito tempo. Mas quando ficar velho e senil, espero ser tranquilo, como esse senhor aí que encontrei a alguns anos em Veneza. Não falei com ele, mas achei incrível como era descansado, com um ar tranquilo, parecia feliz. Desejo passar isso, tranquilidade. Sei que depende de mim, do que eu tô fazendo comigo hoje. Não me interessa ficar um velho se achando novo, quero passar descanso e paz. Então eu corro e luto agora, pra descansar depois.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Walk with me!!

Se você acredita que gosta de alguma coisa e aquilo te faz bem, dê sempre mais uma chance quando a desconfiança chegar, costuma a valer a pena

Eu, vendo PJ20. Sou fã, a 20 anos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Desafio dos Números

Entrevista feita por Paulo Lima com o Professor Valdenberg Araújo, publicado em 2004 para o Balaio de Notícias edição 57.


A entrevista estava agendada para uma quarta-feira, em pleno departamento de Matemática, no campus da Universidade Federal de Sergipe. A princípio, pareceu um equívoco: a data combinada coincidia com um feriado. Mas o que soava como um engano no calendário foi logo esclarecido pelo professor Valdenberg, num segundo telefonema: “trabalho sábados, domingos e feriados”. Essa dedicação estóica à Matemática tem dado seus resultados. Valdenberg Araújo, apesar da origem humilde (nasceu no pequeno município de Barra do Cariri, Bahia), obteve um Mestrado em Matemática, um Doutorado em Otimização e um pós-doutorado em Combinatória. Além disso, tem formado discípulos, hoje mestres e doutores espalhados por diversas instituições do Brasil. Exemplo desses discípulos é o sergipano Carlos Matheus, que com 19 anos de idade conseguiu recentemente o título de Doutor em Matemática no respeitado Instituto de Matemática Pura e Aplicada (INPA), do Rio de Janeiro.  Matheus foi o primeiro aluno do curso Formação do Talento Matemático, idealizado por Valdenberg para descobrir e desenvolver alunos com potencial para a matéria. Nesta entrevista, Valdenberg, que também é faixa-preta em aikidô,  desfaz mitos em torno da Matemática e não poupa críticas aos tradicionais métodos de ensino.

BN - O aprendizado de matemática normalmente é associado a uma habilidade especial para números. Isso é um mito? Qualquer um pode aprender matemática?
Valdenberg Araújo - Qualquer um pode aprender a matemática básica, como qualquer um pode ser músico. Agora, para ser um músico excepcional, tem que ter algumas habilidades fisiológicas, ou até vocacionais, que são caracterizada por outras coisas que eu não sei. É um mistério, na verdade, não é? Então essas entidades vocacionais ninguém sabe, mas uma coisa eu sei,  que o matemático não é necessariamente bom em conta. Quem é bom em conta não quer dizer que seja um bom matemático. Um bom matemático quase não faz conta. Esse é um processo dedutivo, uma busca de padrões, estudo de noções de espaço. Essa estrutura mental do matemático não é habilidade de conta, pois pessoas que têm habilidade com contas não têm habilidade para ser matemático, não têm abstração.
BN - Então existe essa diferença básica, entre a capacidade para abstração e a capacidade para números?
Araújo - É verdade. Por exemplo,  um garoto com muito boa habilidade mecânica dificilmente seria um bom matemático. Ele terá  até dificuldade, pois está acostumado com modelos icônicos (modelos que oferecem a representação de um objeto). Ele só consegue enxergar aquilo que pega e faz. O matemático vê formas que você não imagina. Isso mesmo que estamos estudando aqui, geometria no espaço. Posso dizer que aquilo ali (apontando para um desenho no quadro) é um plano? Ali é um plano. Para ver aquilo ali tudo tem que ter uma abstração.
BN - O que há de errado com o ensino tradicional de matemática nas escolas?
Araújo - Primeiro, a matemática que ensinam na escola não é tradicional, é um ensino esculhambado. O tradicional é a escola francesa clássica que enfatizava a mecânica, a parte algébrica de muita conta, mas eles faziam coisas muito profundas com isso tudo. Você pega um livro, por exemplo, de 1917, e são livros excelentes. Esse aqui, por exemplo (mostrando um livro sobre o birô), é o melhor livro que tem. Olhe o ano dele, de quarenta e poucos. É o livro que eu uso aqui hoje. Décima sétima edição, de 1964. Os livros de hoje são justamente como o ensino tradicional,  um ensino pseudo-inovador.
E como melhorar esse ensino pseudo-inovador?
Araújo - Primeiro, melhorando os professores. Quem ensina tem que ter nível. Os budistas têm um ditado muito importante, “só a vela acesa acende a outra”. O oriental não ensina aquilo que não sabe, mas o professor ensina aquilo que não sabe, finge que ensina. Ele copia o problema e diz: “vá no quadro, resolva”. Repetem o livro, não sabem ser criativos, são repetitivos. Professor hoje é mal formado. Ele parte do princípio de que o aluno é ignorante e burro. Eu parto do princípio contrário, todo mundo é um gênio. Esse é outro extremo, né? Se você considera um aluno burro, ele fica burro mesmo. Tem até um ditado de um padre famoso chamado Antônio Vieira, que diz o seguinte, “quem vidro ama como diamante, diamantes são”. Não é verdade isso? Se você achar que o aluno é bom, fica bom mesmo.
BN - Como é que esses professores podem então ser reeducados?
Araújo - Eu vou ser um pouco duro. Um cavalo adestrado vinte anos, você não descondiciona em seis meses ou um ano. Eu acho uma inutilidade esses cursos de pedagogia e metodologia. Tem que dar é conteúdo mesmo. Mas tem outra medida importantíssima, paralela. Você tem que pagar melhor os professores, tornar a área atrativa às grandes cabeças. Por exemplo, a área de Direito hoje está pagando bem, então atrai as melhores cabeças, como era engenharia antigamente. Então, eu acredito que passa por esse respeito à categoria, economicamente. Agora, quem é ruim com dez, é ruim com vinte. A médio prazo, é isso. Os cursos de reciclagem de didática que se dá em pedagogia não funcionam em nada. Isso é uma orgia de dinheiro mal empregado. Você deve dar curso concreto mesmo. Geometria é geometria, álgebra é álgebra. E, paralelo, pagar melhor os professores, respeitá-los mais. E eles próprios se respeitarem mais. Professor não é um qualquer.
BN - A princípio seria uma solução financeira mesmo?
Araújo - E curso de conteúdo matemático. Tem que ter conteúdo. Você ensinar mesmo a matemática de bom nível, contratar professores competentes. Ao invés de dar esses cursos de pedagogia, trazer um professor qualificado. Como o INPA, hoje. Eles mesmos, os grandes mestres, tiram seu tempo da pesquisa, que é precioso,  para dar aula para curso secundário. Acho uma maravilha isso aí.
BN - Como surgiu o seu interesse pela matemática?
Araújo - Essas coisas são misteriosas. No bairro onde eu morava, eu era um menino muito levado, mas sempre gostei muito de ciência. O que me fascinava eram aquelas revistas de caráter científico. Na escola eu era muito levado, tirava notas baixas, mas um dia um arcebispo foi visitar a escola, eu estava na sétima série. Aí o arcebispo perguntou, “professor Pedro, me dê um aluno bom de matemática?”. Aí chamaram um amigo meu, Raimundo Cabecinha, que até hoje é meu amigo. Fez doutorado em Chicago, inclusive. Ele não estava lá. “Outro aluno bom?” Valdenberg. Era eu. Meu professor viu aquilo que eu não tinha visto, né?
BN - Qual a idade ideal para aprender matemática? Por que?
Araújo - Pela minha experiência, dos 11 aos 16 anos. Primeiro porque as habilidades lógicas, pelo que eu percebo na prática, talvez tenham idade, mas a pessoa nessa idade está mais receptiva à aprendizagem. Agora, tem uma coisa que eu percebo, a escola ruim vicia. Ela não se contenta em só deixar o aluno fraco em matemática. Ela torna o ser humano ruim, péssimo, a desqualificação entra no sangue, nos poros, nos cabelos, nas axilas, no suor. Quando eu pego um aluno com 18 anos, para recuperar demora 4 anos. Quando ele vem com 12 anos, em um ano e meio eu o recupero.
BN - E quanto ao mito de que mulheres teriam mais dificuldade em aprender matemática? Faz sentido?
Araújo - Não tem isso, não. Em termos de capacidade, não tem isso, não.
BN - Como é que se define um talento precoce em matemática?
Araújo - Pela vontade do garoto. Você já leu Schopenhauer, O mundo como vontade e representação [obra mais famoso do filósofo alemão Arthur Schopenhauer]? Você já faz as coisas porque já tinha vontade dentro de si. Vocação traduz instinto. Quando eu pego um aluno novo, chego lá em casa e o levo até os meus livros. Eu tenho uma biblioteca muito grande. Eu boto o garoto lá. Os mais inteligentes pegam os livros mais difíceis de geometria. Os que são menos inteligentes não pegam nada, ficam conversando.
BN - Como é a estrutura do curso de formação do talento matemático, que o senhor promove aqui na universidade?
Araújo - Tem duas coisas que eu considero. Uma é habilidade algébrica, que trabalha com coisas literais. Ao invés de trabalhar 2x = 3, faço x = b. Trabalhar com letras é uma habilidade importante, é mecânica, mas importante. Nem toda coisa mecânica é ruim. Às vezes a mecanização dá autoconfiança. É importante às vezes fazer conta grande para dar autoconfiança. E a outra é a parte de espaço, noções de espaço, que é geometria. E a noção de contagem. Então ele aprende a parte da álgebra, noção de espaço,  e a parte de contagem, que é teoria combinatória. Aí de vez em quando eu misturo um com o outro. Depois eu parto para a parte mais avançada, os livros mais avançados. Aí faço individualizado. Se o aluno gosta mais de álgebra, já boto mais álgebra para ele. Se o aluno tem mais habilidade em geometria, passo geometria para ele. Só dou 30 minutos de aula, mas tem dia que dou 2 horas de aula. Depende. Eu prefiro que ele descubra. Toda vez que a pessoa pode reconstituir informação, eu deixo ele mesmo reconstituir. Se ele for aluno com informação básica correta, ele vai desenvolver sozinho.
BN - O senhor já lidou com algum aluno que não consegui recuperar?
Araújo - Já. Já  peguei até caso de gente que teve o potencial anulado, por causa da educação errada. Tive um aluno aqui, cujo lugar em que mora é  pequeno.  O pessoal começou a perseguir o garoto. Anulou a capacidade dele em 80%. Agora estou tentando recuperá-lo, ele está recuperando. Essa luz interior não tem satanás que mate, né?
BN - Como o curso é mantido?
Araújo - Quem não tem dinheiro para a passagem, a gente arruma aqui. Tenho a Sociedade Brasileira de Matemática que faculta a venda de livros, e uma porcentagem do lucro eu passo para os garotos. Quando eles são excepcionais, se desenvolvem muito bem, aí têm uma bolsa de estudo do INPA.
BN - E a universidade, ela entra com alguma parte?
Araújo - Nada. Mas ela tem uma coisa boa. A universidade aqui faculta a entrada livre de alunos. Então aqui eu entro a hora que quero, faço o que quero e como eu quero fazer o trabalho. Aqui a universidade tem essa liberdade de pensamento.
BN - Como foi que o senhor detectou a habilidade de Carlos Matheus para a matemática?
Araújo - No primeiro contato com ele, quando ele veio com o pai e a mãe, eu aferi muito uma coisa,  a qualidade espiritual, moral, a humildade e a inteligência lógica.  Dei um problema muito fácil, e um problema mais difícil um pouquinho. O fácil ele tratou como se fosse difícil, o difícil ele tratou como se fosse fácil. Respeitou ambos. Então já tinha um dom para ser um matemático bom. Porque às vezes, quando um garoto é um geniozinho meio babaca,  ele diz “ah, isso aí é fácil”. E isso não é bom sinal. A personalidade e o caráter têm que ser correlatos com o conhecimento.
BN - De que forma um ambiente tecnológico avançado, com a presença de sistemas de informática, softwares educacionais, etc., pode auxiliar no ensino da matemática?
Araújo - No traçado de figuras. Vou dar um exemplo. Você tem uma equação complicada. Faz o gráfico dessa equação. O cara na mão faz, mas o computador faz num instante, num segundo. Foi o caso, no Brasil, de um cara que descobriu a superfície que há cem anos a matemática estava procurando, o professor da Costa (na época do INPA, hoje lecionando na Universidade Federal Fluminense). Ele chegou às equações, e ninguém sabia o que eram as equações direito. Aí veio um americano, também matemático da mesma área, mas que sabia computação. Botou as equações no computador, fez um programa, levou para a universidade. Aí descobriram a superfície, chamada de “superfície da Costa”. Hoje está nos anais da matemática, nas enciclopédias, e honrou muito o Brasil.
BN - Em sua opinião, quem foi o maior matemático de todos os tempos?
Araújo – Euler (matemático suíço, 1707-1783)! O Euler morreu produzindo, já ancião. Ficou cego com 60 anos. Ele dizia o seguinte, “felizmente agora estou cego, tenho menos coisas com o que me preocupar”. Repare que homem nobre, né? Tudo que ele fazia era perfeito.

Link para o Origninal:

Hoje o professor Valdenberg continua com o projeto e mais alunos notáveis já sairam de lá. Ele é sandan de Aikido, meu sensei e uma das pessoas mais interessantes que conheço.

Suas aulas de Aikido são na Academia Physicall Center, na rua Benjamin Fontes, 495, Luzia (próximo ao colégio Americano Batista), nas terças, quintas (19h) e sextas (20h). Também no Campus da UFS em São Cristovão, nas segundas e quartas (19h).
Site da ASAIK - Associação Sergipana de Aikido.
   

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carnaval, carnaval...

Aprendi a gostar do carnaval, muito. Com uma queda maior para o de Olinda/Recife, onde tive a oportunidade de ir algumas vezes. Todo mundo deveria experimentar, aquilo é uma loucura.

Penso que no carnaval chega-se ao ápice da imaginação, da fantasia. Não existem medos, cometem-se loucuras, correm-se riscos, muitos. São dias em que se embarca para um mundo diferente e turvo, onde tudo parece possível. Não tem nada real no carnaval.

Nessa competição entre o real e a fantasia, do exato e o imaginário, confesso que (para mim) a imaginação é muito mais interessante que a realidade. Mas não quero dizer que viver no mundo da lua seja “o que há”, só admito que acho bem mais interessante.

Porém não sei se conseguiria viver num sonho, sem poder usar todos os sentidos. Por isso tento achar o caminho do meio nisso também, ter um pé na realidade e outro na imaginação. Lá mora minha fé nas coisas, no que vejo e imagino o que será. Entre o carnaval e a ciência. Acho que é por isso que ainda não desisti da engenharia, mesmo tendo meu coração nas artes.

Nesse carnaval vou tentar fazer exatamente isso. Viver uma fantasia real. Pelo menos nesse ano. O próximo... sabe-se lá!

Bom carnaval a todos.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A inflação dos Dan no passado, por Stanley Pranin

No outro dia eu encontrei um artigo interessante na edição 33 do "Aikido Shimbun", publicada em março de 1962. O Aikikai Hombu Dojo começou a publicar este boletim de quatro páginas em 1959. O boletim tem aparecido de forma contínua até hoje, uma publicação invejável de mais de 52 anos!


O que chamou minha atenção foi o anúncio da listagem de promoções de dan concedido em 15 de janeiro do mesmo ano na celebração anual Kagami Biraki. Uma série de nomes famosos são mencionados na referida lista, alguns deles estudantes pré-guerra do Fundador do Aikido Morihei Ueshiba, enquanto outros começaram a treinar após a Segunda Guerra Mundial.


Eu selecionei alguns nomes de pessoas que se tornaram proeminentes e acrescentei o ano de início nos treinos, por meio de referência.



8º dan
Rinjiro Shirata (1933)
Hajime Iwata (1930)
Takaaki (Shigemi) Yonekawa (1932)


7º dan
Morihiro Saito (1946: 16 anos para o 7º dan)


6º dan
Zenzaburo Akazawa (1933)
Shoji Nishio (1951: 11 anos para o 6º dan)
Nobuyoshi Tamura (1953: 9 anos para o 6º dan)


5º dan
Hiroshi Kato (1954: 8 anos para 5º dan)
Hiroshi Isoyama (1949: 13 anos para 5º dan)


4º dan
Yoshio Kuroiwa (c. 1954: 8  anos para 4º dan)


3º dan
Masatake Fujita (1956: 5 anos para 3º dan)
Koretoshi Maruyama (1959: 3 anos para 3º dan)
Katsuaki Asai (1955: 7 anos para 3º dan)


Se você olhar para o número de anos de treinamento, resultando na graduação indicada, você vai encontrar alguns casos em que o progresso das promoções dan foi muito rápido. Por exemplo, três anos para terceiro dan, ou nove anos para 6 dan - os dois casos citados seria considerado uma aberração por padrões de hoje.


Este tipo de avanço rápido, ou "inflação de dan", se quiser, era uma ocorrência comum na década de 1950 e 60. As razões têm a ver com o fato de que o Aikido era uma arte marcial nova e relativamente desconhecida para o público em geral. Um dos meios mais eficazes de promover o Aikido foram as manifestações públicas. Quando Aikido estava sendo demonstrado pelos chamados "especialistas", seria estranho alguém com pouca graduação representando a arte. Mas como o Aikido era novo, não havia ainda muitos profissionais altamente classificado.


Além disso, no caso do Aikikai Hombu Dojo, existia uma espécie de rivalidade com a rápida expansão Yoshinkan Aikido estabelecido por Gozo Shioda. Nos primeiros anos após a guerra, a escola Yoshikan foi mais ativa que a Aikikai, quase adormecida e que ainda tinha famílias remanescentes da guerra que moravam no Hombu Dojo. Como a separação entre o Aikikai e Yoshikan não era tão distinta como hoje, representantes de ambas as escolas, às vezes, apareciam na mesma demonstração. O Yoshikan rapidamente graduou seus professores e os alunos que se destacavam, e a Aikikai seguiu o exemplo para não ficar para trás.


Meu próprio professor, Morihiro Saito disse-me em mais de uma ocasião que ele saltou duas fileiras em seu avanço para o 9 º dan. Havia uma série de outros professores de destaque que experimentou a mesma coisa. O "Aikido Shimbun" é um documento de boa fonte para rastrear esta progressão precoce, através da rankings de conhecidos instrutores.


Como Aikido se estabeleceu ao longo dos anos, de modo geral, as normas tornaram-se mais rigorosas, e hoje não é incomum para ela ter três ou mais anos para atingir 1 dan, e mais alguns anos para cada dan depois.


Se você pensar sobre isso, os instrutores iniciais que foram enviados ao exterior para divulgar o Aikido foram, comparativamente falando, ainda iniciantes na arte. Muitos deles, no entanto, fez um rápido progresso por causa das condições difíceis e desafios enfrentados na criação de dojos e organizações no exterior. Eles podem ter sido promovidos rapidamente no início, mas a suas reputações como especialistas em Aikido, foram construídas através de longos períodos de trabalho duro e extenuante teste de coragem.


Texto retirado do Aikido Journal
Traduzido Livremente por Felipe Leite.
Link: Dan Inflation in the Early Years of Aikido, by Stanley Pranin